Arquipélago de Los Roques
Adoro dar dicas dos lugares onde estive e gostei muito. Como por exemplo, Los Roques, um arquipélago venezuelano com águas azuis de cegar.
É um parque nacional, como Noronha, um paraíso na Terra. Dizem que é o Caribe como quando foi descoberto por Colombo. Nada de grandes hotéis, só pousadas, a maioria familiar e boa parte arrendada por italianos.
Primeira boa notícia, Los Roques não está na rota dos furacões. Você pode ir em qualquer época do ano!
O voo de Caracas até lá dura vinte e cinco minutos, sendo os dez finais extasiantes. O aeroporto é minúsculo, e portanto a aterrissagem assusta um pouco, mas a pista foi reformada e está novinha em folha.
Há pousadas para todos os bolsos, e as intermediárias saem em torno de 100 dólares a diária, por pessoa, com as três refeições incluídas e o transporte de lancha incluído para as ilhas mais próximas. As mais caras, Aquarela, El Caracol, Macanao Lodge e Natura Viva, custam o dobro disso. As que já fiquei hospedada: Cayo Luna e La Cigala. Recomendo ambas. Ouvimos falar muito bem também da Mediterraneo, La Quigua e Piano y Papaya.
No café da manhã são servidas as arepas, que são um tipo de cuscuz delicioso.
A maior parte dos turistas é formada por italianos, franceses e, agora, brasileiros.
O bom é que lá não há nada mais com que gastar: nada de petiscos, passeios, então, você já sabe quanto irá desembolsar antes de sair de casa, o que acho bem prático.
Quase todas as pousadas têm chef, até as mais simples. O jantar tem entrada, que pode ser uma saladinha de atum, ou um cevice, um prato principal a base de peixe e uma sobremesa. Nas duas pousadas que fiquei a comida era excelente!
O artesanato é bonito, mas excessivamente caro. Comprei dessa segunda vez porta papéis pintados a mão, porque realmente eram lindos.
Achei a temperatura da água em outubro um pouco mais quente do que em janeiro, mas não chega a ser como no nordeste brasileiro, apesar do calor intenso. Deve ter a ver com correntes marítimas, algo assim.
A temporada chuvosa é em novembro, mas ainda assim chove menos que no nosso nordeste na época mais seca. A dica boa é que janeiro lá é baixa temporada. Me disseram para evitar os meses de julho e agosto, férias européias, quando a ilha fica lotada e às vezes falta água e luz.
Não há vida noturna, só um barzinho chamado Aquarena, charmoso, com uns pufs na beira do mar. Na pracinha central às vezes alguns nativos ficam dançando ritmos caribenhos, nada mais. Se você gosta de sair à noite, badalar, etc esqueça. Porque aliás, você vai querer é acordar cedinho para pegar sua lancha e zarpar para uma das ilhas.
Todas as ilhas tem a terminação sky, uma herança dos escandinavos, que estiveram por lá antes dos espanhóis. Madrisky, Francisky, Nordisky... e por aí vai.
Só há um médico de plantão na ilha, que é substituído a cada mês. Peça enfaticamente para o pessoal da sua pousada não usar maionese no seu sanduíche ou no seu macarrão. O Marcelo passou muito mal, e infelizmente precisamos conhecer o tal médico. Fomos bem atendidos, porém, levamos um bom susto. Não há hospital na ilha, nem pronto-socorro. Por isso o melhor é se cuidar (e apesar dele ter passado super mal no dia anterior, provavelmente por causa da maionese, no dia seguinte a pousada preparou nosso almoço e adivinhem? Um macarrão cheeeio de maionese... Isso porque estávamos numa pousada considerada boa e muito bem indicada.
Uma ou duas das ilhas têm restaurante onde você pode escolher sua lagosta na hora em um viveiro (se não estiver na época do defeso). Deixamos um casal de japoneses numa dessas ilhas. Mas a grande maioria das ilhotas não tem nada, só areia branquinha e mar azul bebê. Muitos pelicanos pescando, grandes conchas (e também uns lagartinhos pretos que tentam roubar seu lanche se você vacilar).
Fomos mais uma vez de milhas até Caracas, e compramos o trecho de Caracas -Los Roques à parte. Pedimos para a dona da pousada comprar para nós e acertamos com ela lá, na chegada. Saiu duzentos dólares ida e volta para cada. Já viajamos pela Aerotuy, que tem aviões maiorzinhos, com duas hélices de cada lado, e dessa última vez a pousada comprou por outra empresa, que não lembro o nome.
As ruas são de areia e o arquipélago é formado por dezenas de ilhotas, sendo a principal onde ficam todas as pousadas, mas que não tem praias lindíssimas, é só mesmo o local para dormir.
A praia aí em cima é Noronski, onde você nada com tartarugas marinhas.
O esquema é mais ou menos assim: a cada dia a pousada te deixa em uma das ilhas, monta seu guarda-sol e te deixa com um isopor com lanchinhos e bebidas e vem te buscar no horário combinado.
Evite ir nos meses de agosto e setembro, meses mais quentes e quando a ilha fica lotada, por ser férias de verão na Europa. Muitas vezes falta luz e ouvimos dizer que as pessoas colocam o colchão fora das pousadas, na rua, de tão quente que fica dentro da pousada.
Em maio aparecem golfinhos. O forte em Los Roques não são os animais, como em Noronha, com exceção das tartarugas, mas a ausência de grandes hoteis, o que deixa as praias lindíssimas, como "vieram ao mundo".
Para os mergulhadores, o ponto forte são os recifes corais, um dos conjuntos mais belos do planeta.
Eu fiquei com meu snorkel em Boca de Cote, e vi uma lagosta de mais ou menos 1 metro de diâmetro! O barqueiro perguntou se eu tinha visto la langosta. Eu disse que não. Ele apontou o local, e eu continuei não vendo, apesar da nitidez impressionante da água. Até que ele abriu os braços mostrando o tamanho dela, e só então consegui vê-la.
O arquipélago continua lindo, igualzinho há dois anos. A diferença mais evidente é que o número de brasileiros por lá aumentou bastante. Aí vão algumas dicas fresquinhas.
Não troque todos os seus dólares no aeroporto, deixe para trocar em Los Roques mesmo. O melhor câmbio, quando fomos, era o do Aquarena, um barzinho perto do aeroporto. O câmbio paralelo rola solto. Até os funcionários do aeroporto, no desembarque, te abordarão.
Das duas vezes troquei somente 100 dólares com alguém em Caracas, para tomar café, pagar as taxas na chegada do arquipélago, e o restante em Los Roques mesmo.
Um dia antes de viajar, é recomendável que você consulte a cotação do dólar não oficial do dia, não deixe de consultar antes de viajar. E ele funciona mesmo, com pequenas variações. Por isso não aceite valores muito inferiores ao informado nesse site.
A melhor empresa aérea é a Aerotuy. Fomos dessa vez pela Sundance e o avião parece uma kombi com asas, um cheiro forte de querosene. A Aerotuy têm uns aviões mais novinhos e com duas hélices de cada lado e até uma aeromoça, um luxo! Tudo bem que ela é também recepionista no checkin, depois nos chama para o embarque... faz tudo mesmo.
O melhor a fazer é pedir para o dono da pousada em que você for ficar comprar a sua passagem e pagá-la em dólar, no seu cartão de crédito, quando chegar lá. Fizemos isso e a passagem pela Sundance saiu a 220 dólares ida e volta cada.
Se for pela Sundance - corajoso! o aeroporto onde você pegará o voo é um terceiro aeroporto, e não o que eles chamam de aeroporto nacional (que fica interligado ao internacional e dá para ir a pé). Na verdade, esse tal aeroporto auxiliar utiliza a mesma pista do principal, mas para embarcar você precisa ir de táxi para lá - como se fosse o nosso Terminal 2 em Brasília. Fica a uns cinco ou dez minutos de táxi, dependendo da velocidade que o taxista que você pegar te levar. (o nosso voou).
Na ida, sente do lado esquerdo do avião, de onde você terá a melhor vista da chegada em Los Roques.
Muito cuidado se você chegar no voo da Tam da madrugada. O tal aeroporto adicional fica fechado até as 7 da manhã. Não vá pra lá antes disso, pois não tem nem onde tomar um café. O aeroporto fica às moscas, e você ainda corre o risco de ser abordado por um dos 'capangas' do Chavez. Como vários já postaram, os aeroportos estão cheios de militares, com metralhadoras, mal encarados e antipáticos, doidos para extorquir turistas desavisados.
Muito cuidado também com os taxistas, conheci uma espanhola que mora em Caracas e me disse que até com os taxistas oficiais estão rolando assaltos.
Em Los Roques é tudo mais tranquilo. Pessoas simpáticas, mar azul bebê, ruas de areia... A ilha mais bonita, imperdível é Cayo de Agua (e é também uma das mais distantes). Mas em lancha rápida, em uma hora você está lá. Há um banco de areia cercado por praia dos dois lados, o que faz dela uma das praias mais belas do mundo!
Existem vários outros passeios interessantes. No caminho para Boca del Cote (o melhor ponto de mergulho) o barqueiro parou em um berçário de estrelas marinhas. Carenero também é muito bonita. Fica no caminho para Cayo de Agua.
No último dia ficamos numa ilha deserta, minúscula, só os dois. Existem várias por lá, Cayo Vapor, Cayo Largo, o pessoal da pousada indica. A circunferência toda da ilha era de uns 300 passos.
Uma dica interessante: se quiser evitar o pernoite em Caracas - o aeroporto fica distante da cidade, mais distante que Guarulhos, você pode ir pela Tam e voltar pela Gol.
O voo da Tam chega a Caracas às 4h30 da manhã e às 8h sai o primeiro voo para Los Roques. Na volta, saímos de Los Roques às 8h e o voo de Caracas para São Paulo saiu às 11h30. Perfeito!
Para mais dicas, consulte o site do Ricardo Freire, Viaje na Viagem! Tá tudo lá!


Comentários
bjkas,
n.
pois eh, e o melhor eh que essa epoca o mar tava mais quentinho...
bjs